Sinopse
Raymond Williams foi intelectual erudito e engajado com os desafios do seu tempo. Professor e escritor prolífico, contribuiu com jornais e revistas, entre as quais a influente New Left Review. Escreveu livros de fôlego que permanecem referências nas áreas da história e da sociologia da cultura.
Seus estudos sobre a tragédia e o drama, disponíveis no Brasil, ajudam a pensar elementos que resistem e que se transformam ao longo dos séculos no teatro, no cinema, na televisão e nos meios digitais.
A bem-vinda edição em português de Televisão: tecnologia e forma cultural, obra clássica na área, originalmente publicada na Inglaterra em 1974, adensa a bibliografia disponível. O livro deve ajudar a tirar do lugar-comum o debate político-cultural candente em que a televisão muitas vezes figura isoladamente como vilã.
Em Williams, a televisão é tratada com rara sensibilidade crítica e desprovida de preconceito. No pensamento do autor, não há espaço para questões de valoração apriorística. O livro é escrito por alguém que contribuiu regularmente com o boletim mensal da BBC, que participou de programas de debate cultural na emissora e que teve peça de sua autoria montada na televisão.
A experiência de estranhamento do próprio autor para com a televisão com sotaque norte-americano é matéria-prima do livro, como ele mesmo relata. Arguto observador participante, Williams foi dos primeiros a pensar as diferenças entre dois modelos que permanecem paradigmáticos: o da TV pública inglesa e o da TV comercial estado-unidense. Essas diferenças dão substância à ideia de forma cultural em oposição ao que ele identifica como determinismo da tecnologia. Seu pensamento marxista elabora a noção de forma cultural de maneira a entender a especificidade de determinadas relações sociais em certos lugares e momentos históricos.